29/10/2025 às 15h55min - Atualizada em 29/10/2025 às 15h55min

Educação: um pilar na construção do centenário de Criciúma

A educação em Criciúma teve origem em iniciativas comunitárias e religiosas, ganhou força com a participação de diferentes instituições e se tornou pilar no desenvolvimento da cidade.

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Educação: um capítulo essencial na história da cidade

Nos primeiros anos da colonização a alfabetização em Criciúma acontecia de forma improvisada, em casas de colonos e pequenos grupos organizados por quem sabia ler e escrever. Na localidade de Primeira Linha por volta de 1910 as aulas eram ministradas pelos professores italianos, David Carlessi e Fermo Antéa, contratados pelo governo da Itália.

O padre Ludovico Coccolo também desempenhou papel importante nesse processo reunindo crianças para as primeiras lições. A residência do senhor Marcos Rovaris por um período de quatorze anos foi um local cedido para que as irmãs da Ordem de São José pudessem ensinar.

A escola Núcleo Hercílio Luz do bairro Morro Estevão surgiu em 1905 por iniciativa do conselheiro João Zanette, Celeste de Luca e Berto Trichês. O primeiro professor foi o senhor João Zanette. No início, a manutenção era comunitária, com parte do salário dos professores pago pelos pais. Em 1925 recebeu o nome de Escola Pública Mista do Núcleo Hercílio Luz, passando ao longo dos anos por diversas denominações. Hoje é mantida pela rede municipal como Escola Municipal Núcleo Hercílio Luz.

Assim, as primeiras escolas nasciam da necessidade e do empenho das famílias, que se uniam para garantir algum acesso à instrução. Ainda que a educação não fosse prioridade diante das exigências do trabalho nas lavouras e das tarefas do cotidiano, ela foi sendo construída passo a passo, fruto da determinação comunitária.

 

Educação: e os desafios do novo município

Com a instalação do município em 1º de janeiro de 1926, Criciúma passou a responder pela educação municipal. No entanto, registros mostram que, durante o primeiro ano, nenhum professor foi contratado. Somente em 1927 surgem os primeiros nomes, entre eles o do professor Pedro Biava, que lecionava em sua própria casa, na linha Ex-Patrimônio, região da atual Mina do Toco.

Dessa iniciativa nasceu uma das primeiras escolas municipais, que daria origem à Escola Municipal Fortunato Brasil Naspolini, localizada no bairro Mina do Toco, e que permanece ativa até os dias atuais. Outros decretos da época mencionam professores em diferentes localidades, mas poucas dessas iniciativas se consolidaram em instituições permanentes. Assim, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Fortunato Brasil Naspolini firmou-se como marco da educação municipal em Criciúma.

Lapagesse: Um marco na história escolar da cidade

A primeira escola estadual na região central de Criciúma foi a Escola de Ensino Fundamental Professor Lapagesse, instalada inicialmente na Praça Nereu Ramos, em um prédio da Diocese, hoje, a Casa da Cultura. A escola foi criada no dia 15 de agosto de 1932, por meio do Decreto nº 261 e inaugurada em 1° de março de 1933.

O nome dado a escola foi uma homenagem ao professor e escritor francês Leon Eugene Lapagesse, falecido no ano de 1922, que lecionava em Florianópolis e publicou muitos livros didáticos para estudantes.

Em 26 de novembro de 1940, a instituição ganhou sede própria, na rua Marechal Floriano Peixoto. A inauguração foi marcada por grande festa, com a presença do interventor Nereu Ramos. As autoridades foram recebidas por Emílio Hülse, representante do Prefeito Elias Angeloni, pela banda musical, pelos alunos da escola e pelo Corpo de Escoteiros da cidade. O grupo se dirigiu até a Igreja Matriz São José, onde houve missa em ação de graças. A noite aconteceu o baile na sede do Mampituba Clube, na época localizada na Rua 6 de Janeiro, no centro.

Com o passar das décadas, a Escola de Ensino Fundamental Professor Lapagesse precisou acompanhar o crescimento da cidade e a demanda por mais vagas. Assim, em 1994, foi construída uma nova sede, ao lado da antiga, oferecendo uma estrutura mais ampla e moderna, que permanece ativa até hoje.

O prédio anterior foi repassado à Prefeitura de Criciúma, que restaurou e transformou em um Centro de Educação Infantil. A unidade passou a ser administrada pela Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (AFASC) e recebeu o nome de CEI AFASC Professor Lapagesse.

 

A educação como compromisso social: nasce o Bairro da Juventude

A preocupação com a formação das novas gerações também mobilizou a sociedade civil. Em 1948, foi fundado o Rotary Club de Criciúma, que, no ano seguinte, em 1º de setembro de 1949, criou a Sociedade Criciumense de Assistência aos Necessitados (SCAN), como resposta à presença de muitas crianças em situação de vulnerabilidade nas ruas da cidade.

Nos primeiros anos, o SCAN funcionou como um internato, espaço onde as crianças recebiam abrigo, alimentação, educação e cuidados básicos. Para dar forma ao projeto, o engenheiro Jorge Frydberg idealizou e construiu as três primeiras casas de alvenaria, que serviram como sede inicial da instituição.

Em 1954, a instituição foi entregue para à Congregação dos Padres Rogacionistas, que passou a administrar o local, renomeando como Bairro da Juventude dos Padres Rogacionistas.

Em 1975, a administração passou para a sociedade civil, por meio de um Conselho Deliberativo que segue ativo até hoje. O primeiro diretor da instituição foi o Pe. Paulo Petruzellis.

Atualmente o Bairro da Juventude mantém parceria com a Prefeitura de Criciúma, para manutenção da Escola Municipal de Ensino Básico Padre Paulo Petruzzellis, e  com a AFASC, para manutenção do Centro de Educação Infantil. Além disso, a entidade oferece cursos profissionalizantes e ações sociais à comunidade.

Educação pública em Criciúma

Durante o século XX, a educação pública em Criciúma foi se expandindo junto com a cidade. Pequenos grupos escolares deram lugar a uma rede cada vez mais estruturada, capaz de atender a demanda crescente da população. Hoje, esse sistema reúne unidades de ensino em diferentes níveis e garante acesso à escola para milhares de estudantes.

Entre Centros de Educação Infantil Municipal (CEIMs) e unidades de ensino fundamental, a rede municipal de ensino atende quase 21.000 alunos nas 62 escolas do município.

Em parceria com a Prefeitura, a Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (AFASC) administra ainda 40 Centros de Educação Infantil (CEIs), que atendem cerca de 6.000 crianças de 3 meses a 4 anos, em período parcial e integral.

Na esfera estadual, Criciúma reúne 18 escolas, além de uma unidade federal e 5 instituições dedicadas à educação especial.

Tradição e ensino: a força das escolas particulares

Enquanto o poder público expandia seu atendimento, instituições particulares também se estruturavam, trazendo novas propostas pedagógicas à cidade. Somam-se a esse conjunto as creches e escolas particulares, que complementam a rede de atendimento educacional do município. As primeiras escolas particulares de Criciúma nasceram em meio ao crescimento da cidade e continuam sendo parte da sua trajetória educacional.

Em 1945, chega a Criciúma, através das Irmãs Beneditinas, o Colégio São Bento, inicialmente chamado de “Casa da Criança Nossa Senhora de Fátima”, por cuidar de crianças carentes e logo amplia seu serviço na área de educação, até hoje o colégio tem forte presença na cidade.

Em 1955, foi a vez do Colégio Michel, trazido pela Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência, fundada por Madre Teresa Grillo Michel. A chegada das irmãs ao Brasil, coincidiu com o crescimento do complexo carbonífero no Sul de Santa Catarina. Com o apoio da comunidade, a instituição passou a oferecer ensino secundário em uma cidade que contava com pouco mais de 30 mil habitantes. Com o passar das décadas, o Colégio Michel se firmou como parte da própria história de Criciúma, acompanhando o crescimento da cidade e deixando sua marca na formação de inúmeras gerações.

Em 2 de maio de 1959, a Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão ( SATC) foi criada por iniciativa da Indústria Carbonífera de Santa Catarina, com o objetivo inicial de dar assistência aos trabalhadores do carvão e preparar mão de obra qualificada. Em 1969, com o primeiro curso técnico (Eletromecânica), a instituição passou a se chamar “Escola Técnica Industrial General Oswaldo Pinto da Veiga”. Ao longo das décadas, a instituição expandiu seus cursos e, a partir daí, abriu suas portas à comunidade em geral, sendo referência nacional na formação de profissionais da área técnica. Nos anos 2000, foi criado o Centro Universitário UniSatc.

Já em janeiro de 1961 o Colégio Marista chega a Criciúma. Iniciando suas atividades como “Ginásio Masculino São José” que anos mais tarde foi chamado de “Ginásio Marista” oferecendo o Curso ginasial. Hoje o Colégio Marista Criciúma possui grande abrangência na educação da cidade.

Além dos colégios pioneiros, novas instituições particulares surgiram ao longo das décadas, acompanhando o crescimento da cidade e fortalecendo o cenário educacional.

Educação superior: oportunidades que transformam

Se a educação básica lançou os alicerces do aprendizado em Criciúma, foi com a criação da Universidade do Extremo Sul Catarinense, a Unesc, que a cidade passou a ser reconhecida como polo do ensino superior.

A Unesc teve origem em 1968 como a Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), criada por meio da Lei Municipal nº 697, promulgada em 22 de junho de 1968, durante a gestão do prefeito Ruy Hülse. Inicialmente ofereceu cursos voltados ao magistério, funcionando no Colégio Madre Teresa Michel e, depois, na SATC, até a inauguração do campus próprio, em 1974, no bairro Universitário.

Após quase três décadas, em 1997, o Conselho Estadual de Educação aprovou a transformação da Fucri em Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), cuja missão é promover o desenvolvimento regional e a qualidade de vida. A instalação oficial ocorreu em 18 de novembro, no Teatro Elias Angeloni, reunindo autoridades, empresários, professores, alunos e colaboradores.

Hoje, a Unesc segue como referência no ensino superior em Criciúma, contando com o apoio de outras instituições que fortalecem a cidade como polo regional de conhecimento e desenvolvimento.

 

 

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