Evaldo Deiter de Aguiar, de 37 anos, foi condenado a 24 anos, oito meses e 12 dias anos de reclusão em regime inicial fechado pelo homicídio duplamente qualificado de Janete Casagrande de Fávaro, de 66 anos.
O crime, registrado na tarde de 7 de dezembro de 2023, e que chocou Criciúma e toda a região Sul do estado, teve desfecho nesta quinta-feira em júri popular.
A vítima foi morta no pátio de sua própria casa, no bairro Santa Catarina, área nobre da cidade. Evaldo prestava serviços no local como jardineiro.
Naquele dia, Janete passava um café na cozinha quando interrompeu a atividade e saiu até a área externa da residência, onde foi surpreendida e atacada.
Sem motivo esclarecido, o homem desferiu pelo menos quatro golpes contra ela, utilizando o cabo de uma picareta.
Julgamento
O julgamento ocorreu nesta quinta-feira no Fórum da Comarca de Criciúma e reuniu dezenas de familiares e amigos da vítima, que antes do início da sessão realizaram um ato em frente ao Fórum, pedindo Justiça.
Com cartazes pedindo a condenação e camisetas estampando o rosto da idosa, eles acompanharam emocionados todo o julgamento.
Sentença
O Conselho de Sentença acolheu integralmente a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e condenou o réu a 24 anos, oito meses e 12 dias anos de reclusão em regime inicial fechado por homicídio duplamente qualificado.
Em plenário, o Promotor de Justiça Fernando Rodrigues de Menezes Júnior destacou que o crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, idosa e sem condições de reagir.
A sentença ainda foi aumentada pelo fato de o crime ter sido cometido contra uma vítima com mais de 60 anos.
"O Ministério Público entende que foi dada a resposta que a sociedade e, sobretudo, a família da vítima esperavam. A condenação demonstra que crimes bárbaros como este não ficarão impunes e reafirma o compromisso da Justiça com a proteção da vida. É um passo importante para que a dor dessa família seja, ao menos em parte, acolhida pelo reconhecimento da gravidade do crime e pela punição adequada do responsável", afirmou o Promotor de Justiça.
O réu não poderá recorrer em liberdade e foi encaminhado diretamente ao presídio para iniciar o cumprimento da pena.
A prisão de Evaldo
A Polícia Civil de Criciúma, por meio da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Divisão de Investigação Criminal (DHPP/DIC), apresentou, em entrevista coletiva à imprensa, à época, detalhes sobre o assassinato brutal.
Segundo o delegado João Westphal, o acusado, que já prestava serviços à vítima de forma recorrente, confessou o crime relatando uma motivação da qual não convenceu a polícia e nem foi condizente com a dinâmica e a cena do crime.
Ele, que já tem histórico violento, incluindo com passagens policiais (posse de simulacro de arma de fogo, ameaças e delitos patrimoniais), justificou que a vítima, em certo momento, teria sido ríspida e o ameaçado com uma faca, que não foi encontrada no local.
Disse, ainda, que havia dado somente dois golpes na cabeça da idosa, o que também não condiz com a cena do crime.
Conforme o delegado, ela foi encontrada bastante machucada na região da cabeça, demonstrando bastante violência.
“Foi frio, não mostrou remorso e nenhum arrependimento e ainda tentou justificar com uma versão totalmente incondizente. O que encontramos no local foi uma vítima covardemente assassinada”, acrescentou o delegado.
A versão de legítima defesa foi logo descartada. A arma utilizada no crime foi o cabo de uma picareta, da própria casa da vítima, e que foi deixada no local.
Localização do corpo
O corpo de Janete foi localizado por familiares naquele fim de tarde após a filha notar a ausência da mãe, que deixou um café para passar, não sendo mais encontrada.
A filha chegou a ver um vulto (alguém de camisa verde escuro que fugiu) e, assustada, trancou-se no segundo piso e acionou outros familiares, que, então, encontraram o corpo no corredor da edícula, que fica a uns 20 metros da casa.
Em seguida, acionaram os órgãos de segurança.
A filha informou também que, apesar de não ter visto o jardineiro na casa naquele dia, escutou a mãe chamar por seu nome em alguns momentos.
A polícia chegou a verificar no celular da vítima que ele havia sido contratado para o serviço de poda de árvore naquele dia.
Diligências
Durante as diligências, o carro dele foi flagrado por câmeras de segurança do sistema de segurança pública, deixando o bairro Santa Catarina, por volta das 17h20min, em direção ao bairro São Defende, onde foi preso, em casa, durante a madrugada, por volta de 1h.
Ele já vinha sendo monitorado horas antes, mas não foi encontrado no local.
As roupas utilizadas no crime, incluindo a camisa do uniforme (verde escuro), foram lavadas e estendidas no varal, o que chamou ainda mais a atenção dos policiais, pois chovia bastante.
Assim que foi abordado, disse logo “que não tinha feito nada”, mas acabou confessando.
A esposa se mostrou bastante abalada e relatou, formalmente, o comportamento estranho e inquieto dele dentro de casa e o fato de ter determinado que a filha lavasse toda a roupa naquele momento.
Inclusive, a companheira já havia sido vítima de violência relatando sofrer ameaças e sobre a personalidade explosiva do esposo.