Após 11 anos de espera, o Tribunal do Júri da Comarca de Criciúma condenou nesta quinta-feira (11) a viúva que mandou matar o marido e o homem contratado para executar o crime. O caso de grande repercussão no Sul do Estado envolveu o assassinato de Reni Carlos, ocorrido em fevereiro de 2014, no município de Siderópolis.
O crime
Na noite de 22 de fevereiro de 2014, Reni preparava o almoço do dia seguinte em seu sítio quando foi surpreendido pelo executor, que disparou quatro vezes contra ele. O homem havia sido contratado pela esposa da vítima, com a ajuda de um terceiro envolvido que ainda será julgado. Pelo assassinato, recebeu R$ 1.500.
De acordo com a acusação, a motivação foi uma traição descoberta pela esposa e uma dívida de mais de R$ 100 mil que outro participante tinha com a vítima. Esse homem, ainda a ser julgado, organizou o crime em troca do perdão da dívida e contratou o executor.
As condenações
Viúva → 19 anos, 7 meses e 6 dias de reclusão, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Executor → 16 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão, por homicídio mediante promessa de recompensa e também com recurso que impossibilitou a defesa.
A viúva, que aguardava o julgamento em liberdade, foi presa logo após a sessão. O executor não compareceu e teve a prisão decretada.
Atuação do Ministério Público
O caso foi conduzido pela Promotora de Justiça Mayara Loebmann Perez e pelo Promotor de Justiça André Ghiggi Caetano da Silva, integrante do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI). Eles destacaram que a participação dos acusados foi comprovada por meio de depoimentos, mensagens e ligações.
“Após 11 anos de tramitação desse extenso processo, foi julgado esse caso de grande repercussão social, sendo condenados a mulher mandante e o executor, restando ainda o julgamento de mais um dos envolvidos”, afirmou a promotora Mayara.
“A verdade é filha do tempo e, após tanto tempo de espera angustiante dos familiares, a Justiça foi feita, não só com o nosso trabalho, mas também com a dedicação de todos os Promotores que atuaram nesse processo”, completou André Ghiggi.
Mobilização da família
Familiares e amigos acompanharam o julgamento em frente ao Fórum de Criciúma com cartazes e camisetas pedindo justiça. A irmã da vítima, Maria Inês de Marco, relatou a dor pela perda:
“Ele era uma pessoa muito boa, comunicativa, um empresário de posses. Foi ao sítio para preparar um almoço e nunca mais voltou. Esses dez anos sem ele têm sido muito tristes. O que nós queremos é que seja feita justiça”.
Processo desmembrado
Inicialmente, os três réus seriam julgados juntos. No entanto, a defesa do homem que tinha a dívida apresentou atestado médico, o que levou ao desmembramento do processo. O julgamento dele será realizado em nova data.