A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte brutal da pequena Vitória de Borba Felisberto, de apenas dois anos, assassinada com uma facada no pescoço pela própria mãe, de 42 anos, na manhã de 11 de setembro, em Balneário Gaivota.
A acusada foi indiciada por feminicídio, já que a vítima era do sexo feminino, hipossuficiente e vulnerável em relação à autora, além de o crime ter ocorrido no ambiente doméstico.
A pena pode chegar a 40 anos de prisão, caso seja comprovado que a mulher estava lúcida no momento do crime.
Caso contrário, ela não deixará de ser responsabilizada, mas poderá cumprir medida de segurança em hospital psiquiátrico.
O exame de insanidade mental que determinará essa condição ainda não foi concluído.
A mulher segue presa e o caso agora está sob análise do Ministério Público.
Segundo o delegado André Coltro, foram juntados os laudos periciais que estavam pendentes, ouvidas testemunhas e anexado um áudio entregue por uma testemunha, que registrou as falas da autora logo após o crime, indicando que ela estaria em aparente surto psicótico.
Relembre
Equipes de emergência foram mobilizadas, incluindo o Saer/Samu Aeromédico, mas a criança não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
O crime chocou Santa Catarina.
“Uma cena horrível”, classificou o delegado Jorge Ghiraldo, que foi quem converteu a prisão em flagrante em preventiva no dia e solicitou exame de insanidade mental para avaliar as condições psicológicas da mulher.
Segundo ele, a menina foi quase decapitada por uma faca de cozinha.
“Dava a impressão de que o pescoço havia sido cortado várias vezes, e não apenas em um único golpe. Não dá para admitir que uma mãe cometesse um crime tão bárbaro se estivesse em condições normais”, cogitou.
Em depoimento, a mãe afirmou não se lembrar do momento exato em que esfaqueou a filha no pescoço. Disse apenas que recorda ter dado comida à menina e, em seguida, alimentado a outra filha, que é deficiente.
O pai e a outra filha estavam na sacada da casa no momento do crime.
Ao ver a cena, o homem entrou em estado de choque. O filho mais velho, ao chegar ao local em seguida, encontrou o pai abraçado ao corpo da menina, que estava sobre a mesa, e chegou a socar um espelho.
Em desespero, o pai ainda tentou tirar a própria vida. Ele precisou ser sedado e ficou sem condições de prestar depoimento.
“Não encontrei motivação. O que leva a entender é que ela poderia estar em surto psicótico. Já havia sido diagnosticada com depressão, mas nunca procurou tratamento e não fazia uso de medicamentos. Também descartamos qualquer ligação com seitas. Vasculhamos o celular e nada foi encontrado. Ela estava bastante transtornada no momento da prisão”, explicou o delegado, acrescentando que até o filho percebeu mudança no comportamento da mãe.
“Em nenhum momento ela mudou a versão. Sempre afirmou que não se lembrava, que havia surtado, sem admitir o que fez”, disse.
De acordo com o delegado, o pai havia retornado dos Estados Unidos há seis meses e mantinha aparentemente um bom relacionamento com a esposa.
“Não havia conflitos. O filho mostrou vídeos e fotos feitos momentos antes e era uma convivência aparentemente normal”, relatou.
“Não podemos crucificar essa mãe. Vamos aguardar”, finalizou Ghiraldo.
A mulher foi encaminhada à Penitenciária Feminina de Criciúma, onde segue detida.