Unesc realiza estudo pioneiro no Brasil sobre cannabis e Parkinson com 60 pacientes

Pesquisa conta com apoio da ONG Santa Cannabis e busca comprovar benefícios da planta

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25/09/2025 11h20 - Atualizado há 6 horas
4 Min

Unesc realiza estudo pioneiro no Brasil sobre cannabis e Parkinson com 60 pacientes
Fotos: Divulgação

Iniciou nesta semana, em Criciúma, um estudo clínico inédito no Brasil que avalia os efeitos da cannabis medicinal associada ao exercício físico em pessoas com doença de Parkinson nos estágios iniciais. 

A pesquisa é conduzida por cientistas da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), com apoio da Santa Cannabis – associação nacional de referência no acesso e acolhimento de pacientes.

Ao todo, 60 pessoas entre 18 e 74 anos, diagnosticadas com Parkinson em estágio leve a moderado e liberadas para a prática de exercícios físicos, participam da investigação.

“O objetivo é verificar se a combinação do óleo de cannabis (CBD+THC) com exercícios terapêuticos regulares pode trazer benefícios como melhora no sono, no humor, na autonomia funcional e em parâmetros bioquímicos ligados ao estresse oxidativo e à inflamação”, explica a professora e farmacêutica Dra. Flávia Rigo.

A pesquisadora esclarece que o estudo é de caráter clínico, duplo-cego e randomizado, realizado no Laboratório de Fisiopatologia Experimental da Unesc.

O protocolo prevê que os voluntários realizem duas sessões semanais de exercícios de 45 minutos, ao longo de 12 semanas, com atividades que incluem alongamentos, treinos aeróbicos, exercícios de força e técnicas de equilíbrio.

O uso da cannabis ocorre por via oral, em duas doses diárias, com titulação progressiva até, no máximo, 40 mg por dia, conforme a tolerância individual.

Já o grupo controle recebeu placebo, ou seja, um óleo similar mas sem canabinoides.

Os participantes passam por consultas médicas e avaliações funcionais no início e ao final do período, além de acompanhamento contínuo.

“As primeiras administrações do óleo já começaram, e os resultados preliminares devem ser divulgados no início de 2026”, acrescenta Dra. Flávia Rigo.

No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas convivam com o Parkinson, condição neurodegenerativa ligada ao envelhecimento, que compromete a motricidade e também impacta funções como sono, digestão e cognição.

Papel da Santa Cannabis

Responsável por fornecer gratuitamente os óleos padronizados e o placebo, a Santa Cannabis garante qualidade, rastreabilidade e segurança para o estudo.

A associação também oferece apoio logístico e se compromete a viabilizar a continuidade do tratamento aos participantes, caso haja recomendação médica após pesquisa.

Mais do que apoiar um projeto isolado, a entidade se consolida como protagonista no cenário nacional, conectando pacientes, ciência e políticas públicas.

Atualmente, participa ou apoia pesquisas em diferentes estados, reforçando sua missão de democratizar o acesso à Cannabis medicinal no Brasil.

“Hoje a Santa Cannabis apoia mais de 20 estudos científicos em todo o país. É uma grande satisfação contribuir para a produção de conhecimento e para a construção de evidências que podem transformar a vida de milhares de pacientes. Pesquisas como esta reforçam a importância das associações no campo da ciência e da saúde pública”, afirma Pedro Sabaciauskis, presidente da Santa Cannabis.

Profissionais envolvidos

A pesquisa é desenvolvida no Laboratório de Fisiopatologia Experimental, pelo Grupo de Pesquisa em Proteção e Reparo Tecidual, coordenado pelo professor doutor Paulo Cesar Lock Silveira vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), em parceria com o Laboratório de Plantas Medicinais vinculado ao Programa de Pós-graduação de Ciências Ambientais (PPGCA), coordenado pela professora Dra. Patrícia de Aguiar Amaral, da Unesc.

O projeto se apoia na experiência do Programa de Atendimento aos Portadores de Parkinson (ProPark), criado em 2016, que já atua no suporte físico e emocional a pacientes.

Dra. Flávia Rigo é responsável pela equipe farmacêutica, pela dispensação dos medicamentos e pelo acompanhamento dos efeitos terapêuticos e possíveis reações adversas.

Já a fisioterapeuta e professora Mestre Rubya Pereira Zaccaron, colaboradora do ProPark, é responsável pelas atividades físicas desenvolvidas durante as sessões.

O acompanhamento clínico dos participantes é conduzido pelo Instituto Cannabis na Prática (iCnP), coordenado pelo médico Dr. Guilherme Neri, da Paraíba.

O estudo reúne uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e resultará em duas dissertações de mestrado: uma sob orientação do Dr. Paulo Silveira e outra da Dra. Patrícia de Aguiar Amaral e Co-orientação da Dra. Flávia Rigo.

Mais do que fortalecer a produção acadêmica, a pesquisa busca gerar evidências científicas que podem abrir caminho para novas estratégias terapêuticas no tratamento e/ou atenuando os sintomas do Parkinson no Brasil.


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