O Dia do Trabalhador pode ser considerado mais um feriado normal para alguns, típico dia de descanso, ou de comemorações do trabalho, mas em Criciúma a data ainda lembra, principalmente àqueles da área policial, familiares dos envolvidos e grande parte da comunidade, um dos casos mais brutais e repercutidos na área criminal da cidade e do estado.
O crime de estupro, seguido de assassinato, que ceifou de forma cruel e precoce a vida da menina Kenefer Maria de Jesus Guimarães, na época com apenas 7 anos, completa 15 anos nesta quinta-feira, 1º de maio.
O crime
Por volta das 18h daquele 1º de maio de 2010, a criança foi raptada, abusada sexualmente em um campo de futebol, perto de casa, no bairro Floresta 2, asfixiada até a morte e ainda teve o corpo pendurado pelo pescoço com a própria calça em um alambrado.
O autor, e confesso, o que é raríssimo nesses casos envolvendo abuso sexual, conforme policiais, e até então acima de qualquer suspeita, foi Diego do Nascimento Burin, hoje com 38 anos, filho de uma vizinha da família Jesus Guimarães.
Era casado, sem antecedentes criminais, trabalhava há sete anos no mesmo local e pai de um menino, à época quase que da mesma idade de sua vítima, o qual, costumeiramente, brincava com ela.
Prisão
Diego foi preso exatos 81 dias após o crime, no local de trabalho, uma carbonífera, desmascarado por um inquestionável exame de DNA, resultado de uma mobilização incessante, e sob pressão, da Polícia Civil, à época, no comando do delegado Vitor Bianco Júnior.
À polícia, Diego disse que agiu sob o efeito de drogas. No depoimento afirmou que teria ingerido bebida alcoólica e usado cocaína momentos antes, na festa da empresa.
Ao se deslocar para casa da mãe, parou de moto onde a menina brincava com amiguinhos, raptou-a, sob a justificativa de que a mãe dela a procurava, e levou Kenefer para o local do crime.
O júri
O réu foi condenado a pena de 38 anos e oito meses de prisão no final da tarde de 29 de novembro de 2011, em uma sessão acalorada do Tribunal do Júri, que lotou o salão do Fórum e chegou a ser transmitido ao vivo pela “ARTV”.
Familiares, de ambos os lados, imprensa, comunidade, estudantes de Direito e servidores da segurança pública assistiram a oito horas de júri popular à espera do desfecho do caso, ao menos, em primeira instância, na esfera judicial.
Para organizar e evitar tumulto, senhas chegaram a ser distribuídas.
Na acusação: o promotor Alex Sandro Teixeira da Cruz. Na defesa: o advogado Carlos Rodolpho Pinto Glavam da Luz, o segundo a “pegar” o caso. Ele tentou recorrer da decisão, sob argumento jurídico de que a pena foi exacerbada para um réu primário, mas sem sucesso.
Semiaberto
Diego cumpre a pena, já no regime semiaberto, na Penitenciária Industrial de São Cristóvão do Sul, para onde foi levado dias após a sentença. Lá, estuda e trabalha, o que acelerou a progressão de regime.
Pela rejeição da massa carcerária da Penitenciária Sul, onde aguardou o julgamento, foi transferido, por medidas de segurança.