Uma mulher de 30 anos com morte cerebral tem sido mantida viva há quatro meses por estar grávida. Segundo os familiares, o hospital onde Adriana Smith está internada, em Atlanta, não pode interromper o processo devido a lei antiaborto no estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
Em entrevista recente, April Newkirk revelou que a filha sentiu fortes dores de cabeça, em fevereiro, e decidiu ir ao hospital. Grávida de nove semanas, Smith foi medicada e, sem ser submetida a nenhum exame, recebeu alta. Na manhã seguinte, ela foi levada às pressas para outra unidade de saúde com a respiração ofegante.
Smith, então, foi diagnosticada com coágulos sanguíneos no cérebro. Ela teve morte cerebral decretada poucas horas depois da internação. Mesmo sem a autorização da família, seu corpo foi mantido em suporte de vida para permitir o desenvolvimento do feto.
Newkirk disse que a filha teve a morte constatada, mas continua “respirando por máquinas há mais de 90 dias”. “É uma tortura para mim. Vejo a minha filha respirando, mas ela não está lá”, desabafou.
O plano do hospital é manter Smith viva até que o bebê consiga sobreviver sozinho, quando estiver com aproximadamente 32 semanas. Atualmente, a gestação tem 24. “Deveria ter sido deixado a critério da família. Não estou dizendo que teríamos optado por interromper a gravidez dela, mas que deveríamos ter tido a opção”, explicou a mãe.
Os familiares de Smith, incluindo o filho de 5 anos, ainda a visitam no hospital. Além disso, eles descobriram que o bebê gerado possui hidrocefalia. “Ela está grávida do meu neto. Mas ele pode ficar cego, pode não conseguir andar, pode não sobreviver após nascer”, disse.
A proibição do aborto na Geórgia foi assionada pelo atual governador republicado do estado, Brian Kemp, em 2019. Segundo a lei, o aborto é ilegal após seis semanas de gavidez.