Dois brasileiros morreram em aventuras na natureza em um mês. Relembre

Os brasileiros Juliana Marins e Edson Vandeira morreram em expedições complexas, marcadas por paisagens deslumbrantes e resgates complicados

  • Ir para GoogleNews
28/06/2025 14h54 - Atualizado há 2 dias
5 Min

Dois jovens brasileiros e um sonho em comum: conhecer as maravilhas desafiadoras da natureza. A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, e o fotógrafo Edson Vandeira, de 36, tinham perfis diferentes, mas compartilhavam o desejo de viver intensamente fora dos limites da rotina.

O destino, no entanto, interrompeu seus caminhos em circunstâncias trágicas. Juliana morreu após uma queda de centenas de metros durante uma trilha em um vulcão na Indonésia. Edson desapareceu ao tentar escalar uma montanha de mais de 6 mil metros no Peru e foi encontrado morto mais de 20 dias depois.

Os dois casos, ocorridos com poucos dias de diferença, escancararam os riscos de aventuras em regiões de difícil acesso, onde o tempo de resposta das equipes de resgate é limitado, e a natureza impõe suas próprias regras.

Caso Juliana e Edson

Juliana Marins, de 26 anos, deslizou por uma vala enquanto fazia a trilha do vulcão Rinjani, em Lombok, na Indonésia.

Edson Vandeira, de 36 anos, era estudante do Centro de Estudos de Alta Montanha (CEAM) e planejava completar uma rota técnica até o cume do Nevado Artesonraju, no Peru.

O resgate de Juliana durou cinco dias, mas segundo a autópsia, ela já estava morta no quarto, na terça-feira (24/6).
Edson passou 20 dias desaparecido. O retorno dele estava previsto para o dia 1º de junho, mas o corpo só foi encontrado dia 22.

A queda no vulcão Rinjani

Juliana Marins estava em um mochilão pela Ásia. Passou por países como Filipinas, Vietnã e Tailândia. Aos 26 anos, a publicitária e dançarina de pole dance recém-formada pela UFRJ dizia estar em sua “melhor fase”.

No dia 21 de junho, ela decidiu subir o vulcão Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, ao lado de uma amiga. O local, embora popular entre turistas, exige preparo físico e atenção redobrada. Segundo registros oficiais, desde 2020 foram ao menos oito mortes e quase 200 acidentes na região — muitos causados por quedas e lesões associadas à negligência com protocolos de segurança.

Em um dos vídeos gravados no trajeto, Juliana sorri. “A vista valeu a pena”, diz, pouco antes de cair em um penhasco de cerca de 300 metros. Ela não morreu na hora. Por volta de três horas após o acidente, turistas a avistaram se movendo. Enviaram à família a localização e imagens que alimentaram a esperança.

A mobilização se espalhou pelas redes sociais. Em poucas horas, o perfil criado pela família para divulgar atualizações ganhou mais de um milhão de seguidores. Mariana Marins, irmã de Juliana, se tornou a voz da busca. Cobrou das autoridades, desmentiu boatos e denunciou falhas no socorro.

Segundo ela, equipes indonésias não possuíam cordas longas o suficiente para alcançar a irmã, e o uso de helicóptero foi descartado por conta do mau tempo. “Ela escorregou a montanha inteira”, disse.

As buscas duraram quatro dias. A cada novo drone, uma imagem de Juliana. Mas o resgate, sempre adiado. No dia 24, ela foi encontrada morta. O corpo estava a 650 metros do ponto da queda. Laudo do Hospital Geral Regional de Bali indicou que Juliana morreu cerca de 20 minutos após o acidente, em decorrência de trauma contundente, fraturas múltiplas e hemorragia interna.

“Foram encontrados ossos quebrados, principalmente na região do peito, costas, coluna e coxas”, revelou o médico legista Ida Bagus Alit à imprensa local. O caso levou o Parque Nacional do Monte Rinjani a suspender temporariamente o acesso ao pico por aquela rota.

O silêncio gelado do Artesonraju

Do outro lado do mundo, o fotógrafo Edson Vandeira, natural de Campo Grande (MS), partia para mais uma jornada. Aos 36 anos, Edson somava quase duas décadas de experiência como montanhista e era conhecido por retratar ambientes extremos. Seu trabalho já havia sido exibido em canais como History Channel e National Geographic, e, em 2021, ele foi finalista do prestigiado concurso Wildlife Photographer of the Year com imagens dos incêndios no Pantanal.

Edson morava em Huaraz, cidade peruana aos pés da Cordilheira Blanca, e conhecia bem a geografia local. No dia 29 de maio, iniciou a escalada do Nevado Artesonraju (6.025 metros de altitude), com dois colegas peruanos, Jesús Huerta Picón e Efraín Pretel Álonzo. Os três eram estudantes do Centro de Estudos de Alta Montanha (CEAM) e planejavam completar uma rota técnica até o cume, retornando até 1º de junho.

Segundo testemunhas, luzes foram vistas na crista da montanha na madrugada daquele dia — um indicativo de que o trio conseguiu alcançar o topo. Mas descer é muitas vezes mais difícil do que subir. A rota exige quatro rapeis técnicos em paredões de gelo e neve. Desde então, eles desapareceram.

As buscas foram longas. Com o tempo e o silêncio, cresceu a suspeita de que não houvesse sobreviventes. O corpo de Edson foi localizado em 22 de junho, e sepultado na última quinta-feira (26/6) em frente à montanha onde morreu. A escola CEAM confirmou que a expedição foi feita por conta própria, sem o apoio de agências, o que é comum entre guias em formação.

A morte de Edson foi lamentada por colegas de profissão e pela comunidade da fotografia de natureza. Ele já havia liderado grupos no Brasil, nos Andes e até no Himalaia. Também participava, todos os anos, de expedições científicas à Antártida, onde passava meses coordenando a segurança de pesquisadores.

 

 


FONTE: Com informações do Metrópoles
Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp?
Entre em nosso Grupo para receber notícias em primeira mão


Siga-nos no Instagram e no Facebook
  • Ir para GoogleNews
Notícias Relacionadas »