Pela primeira vez em Santa Catarina, um paciente com epilepsia grave e refratária foi submetido a uma calosotomia posterior, procedimento de alta complexidade que busca reduzir a frequência e a intensidade das crises.
A cirurgia foi realizada no Hospital São José, em Criciúma, pelos neurocirurgiões Dr. Bruno Loz (CRM – 29522 | RQE – 19471), especialista em Cirurgia de Epilepsia, distúrbios do movimento e intervenção em dor, e Dr. Carlos Fernando Moreira (CRM – 15507 | RQE – 12403).
O resultado não poderia ser mais animador.
Desde o procedimento, o paciente não apresentou mais crises do tipo atônica, aquelas que provocam quedas bruscas e risco de lesões.
Poucos dias após a cirurgia, ele recebeu alta hospitalar e voltou para casa, com uma nova perspectiva de vida.
“A calosotomia posterior é feita por meio de uma pequena craniotomia, utilizando técnicas microcirúrgicas e, em alguns casos, neuronavegação para aumentar a precisão. O procedimento consiste na secção seletiva da parte posterior do corpo caloso, estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais. Ao interromper parcialmente essa comunicação, conseguimos reduzir a propagação das descargas epilépticas, preservando áreas motoras e cognitivas essenciais”, explica Dr. Bruno.
O desafio antes da cirurgia
O paciente sofria com epilepsia grave há anos, com crises frequentes e resistentes ao tratamento medicamentoso.
Entre elas, as crises atônicas eram as mais perigosas, pois ocorriam de forma abrupta, causando quedas violentas e colocando a vida em risco.
Após avaliação detalhada, que incluiu exames como vídeo-eletroencefalograma e ressonância magnética, a equipe constatou que o perfil das crises se encaixava nos casos em que a calosotomia posterior poderia trazer benefícios significativos.
“Era a melhor alternativa para proporcionar mais segurança e melhorar a qualidade de vida do paciente”, afirma o neurocirurgião.
O que muda para o paciente
Embora não tenha como objetivo a cura total da epilepsia, o procedimento busca diminuir de forma expressiva as crises atônicas e generalizadas.
Com menos episódios, há uma redução drástica no risco de quedas e traumas, além de ganho de autonomia e de participação social.
“Com menos crises, o paciente consegue retomar atividades que antes eram impossíveis ou arriscadas, se sente mais seguro e, naturalmente, tem melhora da autoestima e do convívio familiar e social”, explica Dr. Bruno.
Recuperação e acompanhamento
No pós-operatório imediato, o paciente permaneceu internado para monitoramento neurológico, controle da dor e prevenção de infecções.
O acompanhamento com a equipe de neurologia será contínuo, permitindo ajustes de medicamentos e acompanhamento da evolução.
Se necessário, também poderá ser indicada reabilitação motora e cognitiva.
Marco para Santa Catarina
De acordo com Dr. Bruno, este é um marco para a medicina catarinense.
Até então, pacientes que necessitavam desse tipo de intervenção precisavam buscar centros especializados em outros estados.
Agora, o Hospital São José passa a oferecer esse tratamento de forma pioneira no estado.
“Realizar uma calosotomia posterior pela primeira vez em Santa Catarina reforça a capacidade técnica e tecnológica do Hospital São José e amplia as possibilidades de tratamento para nossos pacientes. Isso evita deslocamentos longos e desgastantes, e mantém o cuidado próximo de casa”, ressalta Dr. Bruno.
Com essa conquista, o Hospital São José se consolida ainda mais como referência em neurocirurgia, levando inovação, técnica e cuidado humanizado a quem mais precisa.
Inspiração profissional e aprendizado contínuo
De acordo com Dr. Bruno, essa técnica foi desenvolvida no Brasil pelo Dr. Eliseu Paglioli, um dos grandes nomes da cirurgia de epilepsia no cenário mundial.
“Tive o privilégio e a honra de ser residente sob sua orientação. Muito do que aplicamos, incluindo os princípios dessa calosotomia posterior, reflete o conhecimento, a precisão técnica e a visão humanizada que aprendi com ele. Sou profundamente grato por essa formação, que foi determinante para que este procedimento inédito fosse realizado com sucesso em nosso estado”, finaliza Dr. Bruno.