Após mais de 13 horas de sessão, foi encerrado o primeiro dia de julgamento do réu acusado de matar a namorada com socos, chutes e joelhadas na cidade de Imbituba.
Com início às 8h e fim às 21h45min, nove pessoas foram ouvidas ao longo do dia nas condições de informantes e testemunhas da acusação e da defesa.
Nesta quinta-feira (4/9), a sessão foi retomada às 9h no Fórum da Comarca de Imbituba.
Neste segundo dia ocorre a oitiva das últimas três testemunhas, a exibição de eventuais provas e o interrogatório do réu.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), representado pela Promotora de Justiça Patrícia Zanotto e pelo Promotor de Justiça Geovani Werner Tramontin, sustentará aos jurados a condenação do réu por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio.
Além disso, requer a condenação por fraude processual e por posse ilegal de acessório de uso restrito para arma de fogo.
A sessão de julgamento foi acompanhada pela comunidade e por familiares da vítima que, emocionados, relembraram momentos com a jovem.
"Ela tinha a família dela, os amigos, amava a irmã dela, os pais. Tinha uma vida pela frente que falta tamanho para a gente dizer, e tudo isso foi cortado de uma forma bruta e pior, por decisão de um homem, o que é mais triste. Eu não gostaria de estar aqui nessa circunstância, mas nós estamos aqui também por isso, em defesa da vida de todas as mulheres", contou o pai de Isadora, Rogério Froner Costa.
"A minha caminhada até agora, com a campanha para a justiça para a minha filha, foi uma caminhada de amor, porque eu amo a minha filha mesmo que ela não esteja aqui, e eu quero que essa pessoa que matou ela seja punida. Isso não vai trazer ela de volta, mas não pode ficar impune esse tipo de assassinato. Eu estou confiante na justiça", disse a mãe da vítima, Cibelle Viana Costa.
Relembre o caso
O crime ocorreu em 8 de maio de 2018. Na época, a vítima tinha 22 anos.
Natural do Rio Grande do Sul, a jovem passava alguns dias na casa do namorado, a convite dele.
Conforme a denúncia do MPSC, o feminicídio teria sido motivado pelo fato de a vítima ter revelado à irmã do réu que ele fazia uso excessivo de drogas e bebidas alcoólicas.
Naquela madrugada, o réu teria passado mal após usar drogas e a vítima teria achado prudente acionar a irmã dele para ajudá-la no socorro do então namorado.
Com a ida da irmã à casa do réu, os familiares ficaram sabendo do uso de drogas.
Logo após a irmã sair, o homem teria atacado a vítima de forma totalmente inesperada, já que esta não tinha razões para desconfiar de que seria atacada pelo próprio namorado e por motivo tão desproporcional, tornando impossível qualquer reação de defesa.
O denunciado teria imobilizado a vítima e desferido diversos golpes, que resultaram na morte dela por trauma abdominal, conforme o laudo cadavérico.
O exame do médico legista apontou lesões traumáticas graves, compatíveis com múltiplos chutes, socos e joelhadas e incompatíveis com a tese da defesa.
O laudo aponta que não há como falar em overdose como causa da morte, motivação alegada pelo réu.
O MPSC requererá também a condenação do homem por posse ilegal de acessório de uso restrito.
Durante buscas na residência, foram localizados vestígios de drogas, uma espingarda, uma pistola e 146 munições com registros vencidos.
Também foi encontrada uma mira a laser para arma de fogo, acessório de uso restrito que o acusado possuía sem autorização legal.