Progresso e descaso: a face invisível dos moradores em situação de rua em Criciúma

O aumento da população em situação de rua traz reflexos diretos: insegurança, conflitos, impactos sociais e humanitários.

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16/09/2025 17h18 - Atualizado há 3 horas
3 Min

Criciúma vive um momento de expansão econômica e urbanística, com movimento intenso no comércio e novos empreendimentos transformando a paisagem da cidade. 

Mas, em meio ao progresso, um contraste social se impõe de forma cada vez mais visível: a presença de moradores em situação de rua, que ocupam calçadas, bancos e praças, em pleno centro da cidade, à vista de todos.

Às 16h de uma tarde comum, é possível encontrar pessoas dormindo nas ruas, em cenas que já não causam mais indignação, mas que, perigosamente, se tornaram rotina para quem circula pela cidade. O que não pode se normalizar é a omissão do poder público diante de um problema que cresce a cada dia.

Apesar dos discursos sobre acolhimento e políticas sociais, faltam ações efetivas para retirar pessoas da rua e reintegrá-las à sociedade. Enquanto comerciantes e moradores se dividem entre a solidariedade e o medo, o poder público parece apenas empurrar a situação para frente, sem apresentar medidas concretas.

O aumento da população em situação de rua traz reflexos diretos: insegurança, conflitos, impactos sociais e humanitários. Se o governo municipal continuar tratando a situação como “paisagem urbana”, a conta social só aumentará. A conta não é só dos esquecidos: todos pagam, os moradores de rua e uma cidade cega pela indiferença.

Crescimento no Brasil

O problema não é exclusivo de Criciúma. Em todo o Brasil, o número de pessoas vivendo em situação de rua chegou a 335.151 em março deste ano, segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

 O levantamento foi divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG), com base em informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

Em dezembro de 2024, o país registrava 327.925 pessoas nessa condição. Em apenas três meses, o aumento foi de 0,37%. O dado mais alarmante é a comparação histórica: em dezembro de 2013, eram 22,9 mil pessoas vivendo nas ruas. O número atual é 14,6 vezes maior.

Urgência de soluções conjuntas

A realidade mostra que a falta de políticas públicas estruturadas e integradas amplia não apenas o sofrimento de quem vive nas ruas, mas também os desafios da sociedade como um todo.

O enfrentamento desse problema exige soluções conjuntas entre os poderes públicos, com foco no acolhimento, reinserção social e geração de oportunidades.

Enquanto o tema não sair do discurso e se transformar em ação, Criciúma continuará sendo um retrato vivo das contradições brasileiras: o progresso de poucos convivendo lado a lado com o abandono de muitos.


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