Após mobilização, pai vem ao HSão José buscar o filho vítima de atropelamento que estava em situação de rua

Homem veio do Maranhão auxiliado por uma corrente de solidariedade

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07/03/2025 09h10 - Atualizado em 07/03/2025 às 09h10
6 Min

Após mobilização, pai vem ao HSão José buscar o filho vítima de atropelamento que estava em situação de rua
Foto: Divulgação HSão José

Rivanylson dos Santos Sousa e o pai, Raimundo Nonato dos Santos Sousa, vivenciaram uma história de amor, dedicação, superação e final feliz na instituição de Criciúma

Nos corredores do Hospital São José de Criciúma, são inúmeras as histórias de superação que são vivenciadas no dia a dia.

Histórias de luta e dedicação que tem um único objetivo, a recuperação da saúde e a luta pela vida.

Foi assim que começou a trajetória de Rivanylson dos Santos Sousa e do pai, Raimundo Nonato dos Santos Sousa, com a instituição. O que tinha tudo para ter um desfecho ruim, virou uma história linda de vida e superação.

Tudo começou com um atropelamento às margens da BR-101, em Araranguá. Um homem em situação de rua, sem documentos, sem qualquer pista sobre sua identidade, foi levado ao hospital de Araranguá e depois transferido para o HSJosé.

Seu estado de saúde era grave e, além dos cuidados médicos, havia uma missão ainda mais desafiadora: descobrir quem ele era e encontrar sua família.

"Fizemos tudo que estava ao nosso alcance para identificá-lo. Postamos nas redes sociais, enviamos material para a imprensa buscando a identificação, liberamos visitas, mas ninguém o reconhecia. Então, chamamos a Polícia Científica para fazer a identificação por meio da digital. Com isso, o nome foi descoberto e, com ele, uma conexão inesperada. A polícia forneceu um contato que levou a uma lanchonete em São Joaquim, onde descobrimos uma mulher que o conhecia e pôde ajudar. Ela tinha vínculos com uma comunidade terapêutica pela qual ele passou e também conhecia sua família. Foi ela quem nos colocou em contato com o pai dele, o Sr. Raimundo", relembra Pauline da Silva Paulo, assistente social do hospital.

Por meio do Facebook e posteriormente o WhatsApp, foi descoberto que o pai, Raimundo, era do Maranhão.

“Ele não sabia que o filho estava em situação de rua. Pensava que ele ainda trabalhava em Santa Catarina. Faziam seis meses que não tinham mais contato. Comovido e desesperado para vê-lo, seu Raimundo reuniu forças e recursos para viajar de ônibus por cinco dias até Criciúma. Ele deixou a esposa e o filho, o trabalho de moto uber e cruzou o país para estar ao lado do filho. A família fez uma vaquinha, juntou R$ 1.500 para a passagem e alimentação. Foi uma jornada difícil, mas ele não pensou duas vezes”, relembra outra assistente social do HSJosé, Gilmara Mendes Belmiro.

Chegada a Criciúma

A chegada de Raimundo emocionou a todos. Antes da chegada dele, conseguimos uma casa de apoio para que ele pudesse se instalar aqui na cidade.

"Foi uma verdadeira onda de solidariedade para ajudar. Conseguimos uma casa para o pai se instalar de modo temporário. O pessoal da UTI do HSJosé acolheu ele de uma forma incrível. Ele passava o dia inteiro ao lado do filho, recebia apoio, comida, café. Até os médicos e a equipe da recepção ajudavam. Com o tempo, Rivanylson – que passou 49 dias internado – começou a reagir, apertava a mão do pai e, mais tarde, foi transferido para um quarto, onde pode finalizar a recuperação", lembra Pauline.

O que mais chamou a atenção foi a dedicação do pai para o filho.

“Era emocionante ver todo o carinho que a gente percebia ali. Toda a família sempre foi muito unida. Qualquer valor que ele recebia de ajuda era guardado para poder voltar para a casa com o filho. Foram dias difíceis, mas onde a esperança nunca foi deixada de lado”, reforça Gilmara.

Rivanylson permaneceu no HSJosé por 49 dias. No entanto, o retorno para casa, mesmo que tão sonhado, não foi fácil. O hospital buscou apoio das autoridades do Maranhão para viabilizar o transporte e assistência ao paciente, mas esbarrou na burocracia.

"A gente cobrava, ligava, mas o suporte nunca chegava. No fim, a família novamente fez uma vaquinha, emprestou cartões e comprou as passagens para que pai e filho pudessem voltar. Do hospital, eles foram direto para a rodoviária e enfrentaram mais cinco dias de viagem até chegarem de volta ao lar", desabafa Pauline.

Despedida e uma nova vida
No dia da despedida, toda a equipe do hospital se reuniu.

"Fizemos cartinhas com mensagens de apoio para ele levar. Todos estavam emocionados. Uma das nossas técnicas de enfermagem que levou eles para a rodoviária, conseguimos um leito mais confortável para que ele pudesse ir tranquilo no ônibus e, além disso, seu Raimundo manteve o contato durante toda a viagem para nos tranquilizar e mostrar que chegaram com segurança de volta a sua cidade", conta Gilmara.

Hoje, já no Maranhão, Rivanylson segue em tratamento e sua família mantém contato frequente com a equipe do hospital.

"O Sr. Raimundo nos manda mensagens, vídeos do filho caminhando, se recuperando. Para nós, é gratificante saber que fizemos a diferença", aponta Gilmara.

Para o pai, Raimundo Nonato dos Santos Sousa, o que fica é a gratidão por todo o apoio recebido ao longo de quase dois meses de estadia no Sul do país.

"Eu só tenho a agradecer os profissionais do Hospital São José que acompanharam a história da gente. Hoje estamos em família, ele está bem, fazendo sua fisioterapia, se recuperando, em casa. O sentimento é somente de gratidão”, reforça o pai.

Neste caso, como o de tantos outros vivenciados na instituição, o Hospital São José se tornou mais do que um local de tratamento, foi um lar temporário para um reencontro inesperado, um espaço de cuidado, acolhimento e amor.

“Cada profissional envolvido nessa história carregará para sempre a lembrança de que, mais do que salvar vidas, o hospital também é um lugar onde laços são reatados e onde o amor da família pode ser o melhor remédio”, finaliza Pauline.


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