“Quem matou a Thamily foi o próprio companheiro e o motorista”, desabafa delegado regional

Delegado André Milanese explicou a dinâmica dos fatos e ressaltou que a corporação está consternada; confira

  • Ir para GoogleNews
26/03/2025 12h26 - Atualizado há 3 meses
5 Min

“Quem matou a Thamily foi o próprio companheiro e o motorista”, desabafa delegado regional
Reprodução/Divulgação

O delegado regional, André Milanese, divulgou entrevista detalhando sobre a operação policial que culminou com a morte da jovem Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, alvejada na cabeça na última sexta-feira, no bairro São Sebastião, em Criciúma. 

O delegado iniciou externando condolências, em nome da Polícia Civil, pelo falecimento da jovem, ressaltando que foi uma situação indesejada o que acabou acontecendo.

“A gente tem visto muitos comentários, muitos boatos, muitas pessoas declarando as suas opinões nas redes sociais, mas o que aconteceu foi uma fatalidade, que decorreu de uma ação policial realizada dentro das regras, que é previsto e que a lei permite”, disse.

O delegado explicou que, naquela tarde, quatro policiais civis, em duas viaturas descaracterizas e à paisana, pelo sigilo que uma diligência pede, foram em cumprimento ao mandado de prisão contra o namorado da jovem.

O casal morava junto em Nova Veneza e naquela tarde o acusado iria visitar o pai, em Criciúma. Ele já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão, onde foram colhidas provas que resultaram na decretação da prisão, relatou o delegado.

“Ele chegou de carona, sentado no banco traseiro, levantou do carro, levou um objeto até a casa e retornou, quando os policiais entenderam ser aquele o melhor momento para a abordagem, evitando o risco de fuga, e, então, cercaram o carro. Os policiais não sabiam que tinha uma terceira pessoa”, afirmou a autoridade policial.

Conforme Milanese, os agentes da PC desceram armados e já se identificam como policiais. O alvo teria dado ordem ao motorista para fugir e ainda teria tentado quebrar o celular batendo o aparelho no painel do carro.

“O motorista então deu marcha à ré em alta velocidade contra os dois policiais que estavam atrás, encurralando a policial que ficou entre um barranco e a viatura estacionada. Na reação para se defender, ela então efetuou o disparo e, infelizmente, ocorreu essa tragédia. Ninguém sabia que a Thamily estava no banco de trás”, alegou.

Para o delegado, a tese levantada de que eles podiam achar que tratava-se de um assalto não tem fundamento. 

“Eles sabiam que eram policiais, se não o alvo não teria quebrado o celular e ordenado a fuga. Aliás, ele sabia quem eram os policiais, pois foram os mesmos que fizeram buscas na casa dele há alguns dias", declarou.

Uma perícia foi feita no local e constatou as marcas de pneu do carro que tentou fugir, bem como a batida na viatura durante a tentativa, o que teria comprovado que a policial “não teria outra alternativa”.

Dentre as testemunhas que foram ouvidas, um pedreiro, que fazia um serviço externo nas proximidades e acompanhou parte da ocorrência.

“Ela (policial) não tinha como fugir e foi com o disparo que o carro parou. Se não houvesse o disparo, bem provável que ele iria atropelar a policial. Ela agiu em legítima defesa e não tinha intenção de matar ninguém, mas sim, evitar que o carro a atropelasse, entendimento até então corroborado pelo Judiciário e pelo Ministério Público”, complementou Milanese, acrescentando que o Judiciário e também o MP trabalham no momento com a tese de que, de fato, ocorreu uma tentativa de homicídio praticada pelo condutor.

“Que, aliás, ele ainda não comprovou ser motorista de Uber. Já fazia algum tempo que ele fazia corrida para o casal, e nesta foi contratado via WhatsApp”, informou o delegado.

Consternados

Milanese disse que a corporação está consternada com a morte da jovem e que os principais culpados foram o companheiro de Thamily e o motorista.

“Aliás, o companheiro trata-se de um traficante ativo, uma pessoa perigosa, com envolvimento em drogas, armas, e envolvimento direto com uma facção criminosa que atua no estado. Um rapaz do mal, que a Thamily se envolveu e estava no lugar errado e na hora errada. Ele devia ter pensado nela e se rendido, e não ordenado que o motorista partisse para cima dos policiais com o carro”, finalizou.

Contraponto 

Na manhã de ontem, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, voltou a se manifestar sobre as circunstâncias da operação policial que resultou na morte da jovem, expondo alguns dados da investigação e elencando alguns pontos na publicação que fez, sobre o companheiro dela, reascendendo a polêmica.

Segundo a família, as fotos divulgadas na publicação não são do namorado de Thamily e o caderno de anotações não é referente ao tráfico, mas sim, de venda de camisetas, no qual aparece, inclusive, nome de familiares.

Defesa

A defesa do motorista voltou a se manifestar, divulgando que as recentes manifestações da Polícia Civil são “compreensíveis”, já que a policial que efetuou o disparo é filha de um delegado.

Confira: 



Manifestação

Familiares e amigos farão uma manifestação pacífica em protesto à morte da jovem Thamily.

O ato ocorrerá no sábado, a partir das 14h, em frente à sede do Departamento de Investigações Criminais (DIC), no bairro São Luiz.


Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp?
Entre em nosso Grupo para receber notícias em primeira mão


Siga-nos no Instagram e no Facebook
  • Ir para GoogleNews
Notícias Relacionadas »