A defesa que representa a família da jovem Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, alvejada na cabeça no último dia 21, no bairro São Sebastião, em Criciúma, por uma policial civil, durante o cumprimento de mandado de prisão ao companheiro dela, manifestou-se em nota.
Os advogados informaram que a família exige que o caso seja tratado como o que realmente é.
“Um homicídio que demanda investigação rigorosa e punição dos responsáveis. O que se espera é simples e necessário: uma apuração séria, imparcial e transparente”, reforçando que seguirão acompanhando de perto as investigações, em conjunto com o Ministério Público, para garantir que os fatos sejam devidamente esclarecidos e que a tragédia não fique impune.
Para a defesa, a morte de Thamily levantam dúvidas graves, pois, segundo elencaram, as versões apresentadas pelas autoridades estão repletas de contradições, como: dinâmica dos fatos, posicionamento do veículo, atuação dos policiais envolvidos e as justificativas para o uso de força letal.
Versão da PC
O delegado regional, André Milanese. explicou que, naquela tarde, quatro policiais civis, em duas viaturas descaracterizadas e à paisana, pelo sigilo que uma diligência pede, foram em cumprimento ao mandado de prisão contra o namorado da jovem.
O casal morava junto em Nova Veneza e naquela tarde o acusado iria visitar o pai, em Criciúma. Ele já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão, onde foram colhidas provas que resultaram na decretação da prisão, relatou o delegado.
“Ele chegou de carona, sentado no banco traseiro, levantou do carro, levou um objeto até a casa e retornou, quando os policiais entenderam ser aquele o melhor momento para a abordagem, evitando o risco de fuga, e, então, cercaram o carro. Os policiais não sabiam que tinha uma terceira pessoa”, afirmou a autoridade policial.
Conforme Milanese, os agentes da PC desceram armados e já se identificam como policiais.
O alvo teria dado ordem ao motorista para fugir e ainda teria tentado quebrar o celular batendo o aparelho no painel do carro.
“O motorista então deu marcha à ré em alta velocidade contra os dois policiais que estavam atrás, encurralando a policial que ficou entre um barranco e a viatura estacionada. Na reação para se defender, ela então efetuou o disparo e, infelizmente, ocorreu essa tragédia. Ninguém sabia que a Thamily estava no banco de trás”, alegou.
Para o delegado, a tese levantada de que eles podiam achar que tratava-se de um assalto não tem fundamento.
“Eles sabiam que eram policiais, se não o alvo não teria quebrado o celular e ordenado a fuga. Aliás, ele sabia quem eram os policiais, pois foram os mesmos que fizeram buscas na casa dele há alguns dias", declarou.
Uma perícia foi feita no local e constatou as marcas de pneu do carro que tentou fugir, bem como a batida na viatura durante a tentativa, o que teria comprovado que a policial “não teria outra alternativa”.
Dentre as testemunhas que foram ouvidas, um pedreiro, que fazia um serviço externo nas proximidades e acompanhou parte da ocorrência.
“Ela (policial) não tinha como fugir e foi com o disparo que o carro parou. Se não houvesse o disparo, bem provável que ele iria atropelar a policial. Ela agiu em legítima defesa e não tinha intenção de matar ninguém, mas sim, evitar que o carro a atropelasse, entendimento até então corroborado pelo Judiciário e pelo Ministério Público”, complementou Milanese, acrescentando que o Judiciário e também o MP trabalham no momento com a tese de que, de fato, ocorreu uma tentativa de homicídio praticada pelo condutor.
O motorista foi solto nessa sexta-feira.
Já o companheiro de Thamily segue preso devido ao mandado de prisão por tráfico de drogas e organização criminosa.
“Aliás, o companheiro trata-se de um traficante ativo, uma pessoa perigosa, com envolvimento em drogas, armas, e envolvimento direto com uma facção criminosa que atua no estado. Um rapaz do mal, que a Thamily se envolveu e estava no lugar errado e na hora errada. Ele devia ter pensado nela e se rendido, e não ordenado que o motorista partisse para cima dos policiais com o carro”, apontou o delegado.
Manifestação
Ocorre neste sábado, a partir das 14h, uma manifestação pacífica pedindo por justiça.
A mobilização inicia em frente à sede do Departamento de Investigações Criminais (DIC), na Avenida Santos Dumont, no bairro São Luiz. Em seguida, os manifestantes seguirão a pé até a frente do Fórum.
Davi, pai de Thamily, emitiu algumas orientações.
A família e amigos vêm se manifestando na página social que criaram intitulada de “Justiça por Thamily Venâncio Ereno”.