A atriz australiana Clare McCann protagoniza um dos casos mais polêmicos e emotivos dos últimos tempos, ao manifestar a intenção de preservar, por meio da criogenia — congelamento —, o corpo de seu filho de 13 anos, falecido na última semana. A famosa abriu uma campanha de financiamento para tentar preservar o corpo do filho. A ideia é reunir 300 mil dólares australianos, pouco mais de um milhão de reais. Segundo a mãe, o garoto cometeu suicídio, depois de ser vítima de bullying na escola.
A decisão de preservar o corpo da criança é movida pela esperança de que, no futuro, os avanços da ciência possam permitir a reanimação e a cura do adolescente, e reacendeu discussões sobre os limites éticos, legais e científicos da prática.
Entenda a criogenia
A criogenia consiste na preservação de corpos a temperaturas extremamente baixas, utilizando nitrogênio líquido a -196°C, com a expectativa de que, um dia, seja possível revertê-la. Atualmente, apenas algumas instituições, localizadas principalmente nos Estados Unidos e na Rússia, oferecem o procedimento, que demanda investimentos financeiros significativos e permanece, até o momento, no campo das especulações científicas.
A escolha de Clare McCann dividiu a opinião pública e especialistas. De um lado, manifestações de apoio à mãe, que busca manter viva a esperança diante da perda irreparável; de outro, críticas que apontam para a ausência de comprovação científica quanto à possibilidade de ressuscitação de corpos criogenicamente preservados e os complexos dilemas éticos envolvidos.
Além das controvérsias científicas, o caso levanta questões jurídicas importantes, como os direitos sobre o corpo após a morte e a regulamentação desse tipo de procedimento, que ainda carece de normas claras na maioria dos países.