Ré por injúria racial, Giovana Mondardo rebate acusação; Bruno Ferreira também se pronuncia

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30/07/2025 18h02 - Atualizado há 1 dia
5 Min

Ré por injúria racial, Giovana Mondardo rebate acusação; Bruno Ferreira também se pronuncia
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 


Após a Justiça acolher denúncia por injúria racial e tornar ré a vereadora Giovana Mondardo (PCdoB), de Criciúma, no processo movido pelo ex-secretário municipal de Assistência Social Bruno Ferreira, ambas as partes se manifestaram publicamente sobre o caso.

A parlamentar é acusada por declarações feitas durante uma entrevista à Rádio Cidade em Dia, em fevereiro deste ano, quando se referiu ao então secretário como "capitão do mato", expressão historicamente ligada ao período da escravidão e considerada ofensiva pelo denunciante.

Defesa da vereadora

Giovana Mondardo afirmou ter recebido com surpresa a notícia do andamento do processo, alegando que ainda não foi citada formalmente pela Justiça. Para a vereadora, trata-se de uma ação motivada por questões políticas.

“Quem me acusa é um adversário político que foi preso pelo GAECO por corrupção no escândalo das funerárias. Trata-se de um cidadão que foi candidato a vereador contra mim de dentro de um presídio”, destacou.

A vereadora também repudiou qualquer associação ao racismo:

“Condeno veementemente quaisquer práticas racistas. Meu histórico de luta antirracista e atuação parlamentar dos últimos cinco anos são provas disso”, afirmou.

Ela classificou a denúncia como uma tentativa de intimidação e silenciamento, prática conhecida como lawfare, e ressaltou que seguirá tratando o assunto dentro do devido processo legal.

CONFIRA NA ÍNTEGRA: 

Recebo com surpresa a notícia veiculada pela imprensa, tendo em vista que sequer fui citada formalmente no processo. Destaco que se trata de um processo movido contra mim por motivação exclusivamente política. 

Quem me acusa é um adversário político que foi preso pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por corrupção no escândalo das funerárias. Trata-se de um cidadão que foi candidato a vereador contra mim de dentro de um presídio. 

Condeno veementemente quaisquer práticas racistas e meu histórico de luta antiracista e atuação parlamentar dos últimos 5 anos são provas disso. Assim como, minha relação próxima com o movimento negro de Criciúma e do estado de Santa Catarina. 

Estou sendo vítima de uma prática de intimidação e silenciamento conhecida como lawfare, onde adversários usam do judiciário para assassinar minha reputação. Ainda mais comum contra mulheres que possuem coragem de se posicionar e disputar a política em Santa Catarina. 

Ademais, tratarei no devido processo legal o que couber. Não me intimidarão por denunciar abusos ou práticas sistemáticas de constrangimento público.


Pronunciamento do denunciante

Já Bruno Ferreira destacou que o recebimento da denúncia representa um “passo importante, ainda que inicial, na busca por justiça”. Segundo ele, o uso da expressão foi mais do que uma ofensa pessoal:

“Trata-se de uma agressão a toda a população negra que, como eu, luta diariamente por respeito, dignidade e equidade”, afirmou.

O ex-secretário reforçou o peso simbólico e histórico da fala, considerando que partiu de uma autoridade pública:

“A fala racista não foi um descuido: foi uma escolha, consciente e cruel”, disse. “Como homem negro, advogado e cidadão de Criciúma, não posso me calar. Racismo é crime. E cada palavra racista tem consequência”.

CONFIRA NA ÍNTEGRA: 

O recebimento da denúncia marca um passo importante, ainda que inicial na busca por justiça. A dor causada por essas palavras é profunda. Mais do que uma ofensa pessoal, trata-se de uma agressão a toda a população negra que, como eu, luta diariamente por respeito, dignidade e equidade. 

É especialmente estarrecedor que tal ofensa tenha partido de uma representante eleita, com formação superior e pleno conhecimento do peso histórico da expressão utilizada. A fala racista não foi um descuido: foi uma escolha, consciente e cruel, de tentar me rebaixar por meio de uma imagem de submissão e traição imposta aos negros durante a escravidão. 

Como homem negro, advogado, e cidadão de Criciúma, não posso me calar. Não busco vingança, mas justiça. E essa justiça começa com o reconhecimento de que a injúria racial não pode ser naturalizada, relativizada ou silenciada, principalmente quando parte de quem deveria zelar pelo bem comum. 

A transformação da sociedade começa pela coragem de não aceitar o inaceitável. Que este caso sirva de reflexão e de alerta: racismo é crime. E cada palavra racista tem consequência. 


Próximos passos

Com o recebimento da denúncia, o processo segue agora para a fase de instrução judicial, que prevê a oitiva de testemunhas, produção de provas e apresentação da defesa. Caso condenada, a vereadora pode ser punida com pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa e outras sanções previstas em lei.

 


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