Prefeito e vice são denunciados por compra de votos no Sul de SC

Em troca dos votos, os eleitores teriam recebido, dinheiro, materiais de construção, combustível, viagens, entre outros benefícios ilícitos.

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10/08/2025 08h49 - Atualizado há 23 horas
3 Min

O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou denúncia contra o prefeito e o vice-prefeito de Lauro Müller (SC), além de outras 14 pessoas, por suposto envolvimento em uma organização criminosa voltada à prática de crimes eleitorais durante as eleições municipais de 2024.

Segundo o MPE, o grupo teria cometido associação criminosa e corrupção eleitoral. A denúncia ainda aguarda recebimento pela Justiça Eleitoral. Somente após essa etapa os acusados passam a ser réus no processo.

Esquema de compra de votos

De acordo com a promotora eleitoral da Comarca de Orleans, Rafaela Mozzaquattro Machado, os denunciados teriam se associado para obter votos oferecendo dinheiro, bens e outras vantagens indevidas a eleitores. O objetivo seria favorecer diretamente os então candidatos a prefeito, vice e dois candidatos a vereador.

As investigações apontam que pelo menos oito eleitores teriam aceitado, solicitado ou recebido vantagens para votar nos denunciados. Entre os benefícios supostamente oferecidos estão:

• Cestas básicas
• Dinheiro em espécie e transferências via Pix
• Combustível
• Telhas e gás de cozinha
• Pagamento de tratamentos médicos
• Promessas de emprego
• Viagens a parque de diversões

Flagrante e apreensão de provas

Um dos episódios narrados aconteceu em 9 de setembro de 2024, quando um dos denunciados foi flagrado transportando cinco cestas básicas para compra de votos. A ação foi interrompida por integrantes de um partido adversário, que acionaram a Polícia Militar.

O celular do suspeito foi apreendido e, após quebra de sigilo autorizada pela Justiça, foram encontradas mensagens que, segundo o MPE, indicam a existência de uma estrutura organizada para prática dos crimes.

Papéis no suposto esquema

Ainda conforme a denúncia, o filho do prefeito eleito teria papel central, coordenando repasses, organizando equipes, autorizando pagamentos e escolhendo eleitores beneficiados. Ele também teria distribuído recursos financeiros e supervisionado os demais envolvidos.

Conversas entre prefeito e filho revelariam estratégias para ocultar recursos de campanha, como omitir valores reais na prestação de contas e efetuar pagamentos “por fora”.

O vice-prefeito também teria atuado na organização, participando de decisões e autorizando benefícios. Outros denunciados seriam responsáveis pela entrega de cestas básicas, visitas a eleitores, liberação de valores e ações operacionais. Dez cabos eleitorais também teriam feito visitas domiciliares oferecendo vantagens em troca de votos.

Crimes e providências

O MPE denunciou as 16 pessoas pelos crimes de:

• Associação criminosa (art. 288 do Código Penal)
• Corrupção eleitoral (art. 299 do Código Eleitoral), este último por mais de sete vezes.

A denúncia foi protocolada em 29 de julho de 2025.

Em relação aos oito eleitores beneficiados, o Ministério Público informou que adotará medidas para formalizar Acordos de Não Persecução Penal, conforme o artigo 28-A do Código de Processo Penal.
 


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