O líder: Marcos Rovaris
Marcos Rovaris nasceu na Província de Bérgamo, Itália em 10 de maio de 1873. Chegou ao Brasil em 1892, acompanhado dos pais, Paulo Rovaris e Rosa Caroli, e da irmã Catharina, ficando na Itália a outra irmã, Bárbara. A família fixou-se inicialmente em Urussanga e, pouco depois, mudou-se para o núcleo colonial de Acioli de Vasconcelos (Cocal), mais precisamente na localidade de Primeira Linha. Ali instalaram uma casa de comércio e uma moderna fábrica de banha.
“A família Rovaris estabeleceu-se no município de Urussanga, por pouco tempo, como fizeram outros bergamascos, no núcleo colonial de Acioli de Vasconcelos (Cocal), distante aproximadamente 25 quilômetros do povoado de Criciúma, mais precisamente na localidade de Primeira Linha, onde instalou uma casa de comércio e uma moderníssima fábrica de banha, com capital de três contos de réis, presente de sua mãe, ao nascer o primeiro filho do casal, Paulo Bernardo.
Seu casamento deu-se a 28 de setembro de 1895, com Maria Nichele, de nacionalidade italiana, tendo como local a Igreja Matriz N.S. da Conceição, de Urussanga, sendo testemunhas os senhores; Pietro Bajo e Ambrosio Pagani. Deste matrimônio teve nove filhos: Paulo, Porfírio, Carmela, Luiza, Cândida, Silvino, Rosa, Líbero e Marcolina.
A 28 de novembro de 1914, falecia sua esposa. Após nove meses de viuvez, contraiu segundas núpcias, com Celestina Zilli, em 28 de agosto de 1915, na Igreja Matriz São José, em Criciúma, sendo testemunhas os senhores Marcelo Lodette e Tiago Brero. Deste segundo matrimônio teve seis filhos: Dosolina, Laura, Marcolfa, Elisa, Luis e Carlos, sendo o celebrante do ato religioso o Padre Francisco Bertero”. (BELOLLI)
A residência de Marcos Rovaris era na então rua João Pessoa, atual Calçadão da Praça Nereu Ramos. Atualmente, no local, está a loja Dedal de Ouro (apenas referência).
Além de apoiar a educação, Marcos Rovaris incentivou a cultura fundando e estimulando bandas musicais, entre elas a Banda Musical “Sete de Setembro”, da qual sua esposa Celestina Zilli Rovaris foi madrinha.
Líder empresarial e político
Marcos Rovaris destacou-se no cenário de Criciúma como colonizador, empresário e político. Sua atuação estendia-se por todo o sul catarinense, instalando pequenas colônias pela região e foi o fundador do atual município de Turvo. Em 1908, representou o Sul do Estado nas comemorações do 1º. Centenário da Abertura dos Portos do Brasil ao Comércio Internacional, realizado no Rio de Janeiro, recebendo um medalhão de bronze.
Na década de 1900, instalou em Criciúma uma loja de comércio, a maior da época, fundou uma fábrica de banha, a primeira no município, instalou uma moderna serraria com maquinário importado da Alemanha, foi pioneiro no setor energético, na instalação de um telefone, no setor carbonífero e na imprensa, fundando em 1926 o jornal “O Mineiro”, em parceria com Pedro Benedet.
Líder político, mantinha estreita ligação com o governador do estado na época, Dr. Hercílio Pedro da Luz, e antes de ser Intendente (prefeito) em Criciúma, em 1926, foi Conselheiro (vereador) na comarca de Araranguá, em 1911.
No setor energético, fornecia luz elétrica gratuitamente para os moradores do centro de Criciúma. A fábrica de banha, que levava o nome de “Oriente”, tinha seus produtos comercializados na região e levados também, para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
“O desenvolvimento verificado pelo consumo do carvão-de-pedra durante a Guerra Mundial de 1914/1918, levou Marcos Rovaris a expandir seus negócios, desta feita adquirindo com Jacinto Tasso, residente na cidade de Laguna, um caminhão “FIAT”. Era o primeiro veículo motorizado a trafegar em solo criciumense”. (BELOLLI).
Na mineração, foi cotista da Sociedade Carbonífera Próspera junto a Pedro Benedet, Frederico Minatto, Pacífico Nunes e Francisco Meller.
Movimento pela emancipação
A colônia de São José de Cresciúma cresceu rapidamente graças ao espírito empreendedor de seus colonizadores e à descoberta do carvão mineral. Com a Primeira Guerra Mundial e o bloqueio das importações, o vilarejo atraiu investidores de outras regiões e fortaleceu o interesse dos empresários locais, tornando-se um importante polo de abastecimento de carvão para o centro do país.
É neste contexto que começam a surgir os movimentos pela emancipação, sendo Marcos Rovaris um de seus mais destacados líderes. Esse movimento vai levar o Governo Estadual a promulgar a Lei n. 1516, em 04 de novembro de 1925, desmembrando a colônia de Araranguá e emancipando Criciúma.
A instalação do município aconteceu em 1º de janeiro de 1926 e Marcos Rovaris, pela sua liderança empresarial e política, foi o nome credenciado para ser o primeiro prefeito, na época denominado Intendente. Rovaris foi prefeito de Criciúma até 04 de outubro de 1930, quando foi deposto pela Revolução de 1930, como tantos outros prefeitos do Estado.
“ Destituído pela Revolução de 1930, o Coronel Marcos Rovaris aguentou perseguições, mas, amargurado, conformou-se por não sofrer sua honra qualquer reparação por parte dos triunfadores porque sua administração proba não deu margens a devassas, o que aconteceu com a maioria dos administradores da época”. (BELOLLI).
Falecimento
Marcos Rovaris faleceu aos 63 anos, em 28 de dezembro de 1936, em Florianópolis, onde estava hospitalizado. Seu corpo foi transladado para Criciúma e sepultado no jazigo da família Rovaris, no Cemitério Municipal de Criciúma.
“Sentindo-se doente, em data de 4 de dezembro de 1936, seguiu de trem até a cidade de Laguna e de lá, em ônibus, viajou para a cidade de Florianópolis, internando-se no Hospital de Caridade. Em data de 28 do mesmo mês, vitimado por colapso cardíaco, veio a falecer o lutador intemerato, deixando à posteridade um exemplo de tenacidade, honradez e bondade”. (BELOLLI).
Legado e homenagens
Monumentos, homenagens e registros fotográficos mantêm viva a presença de Marcos Rovaris em Criciúma. Sua memória permanece preservada em espaços e instituições que levam seu nome, simbolizando o reconhecimento da cidade à sua trajetória como líder político, empreendedor e pioneiro do desenvolvimento local.
Rua Coronel Marcos Rovaris
Uma das principais ruas do Centro de Criciúma leva o nome de Marcos Rovaris, perpetuando sua presença no cotidiano da cidade.
Escola de Educação Básica Coronel Marcos Rovaris
A escola, localizada no bairro Pinheirinho, foi criada em 1955 como Escola Reunida Marcos Rovaris, funcionando inicialmente no Bairro da Juventude. Em 1960 passou para o atual prédio e ao longo das décadas sofreu alterações em sua nomenclatura. Hoje denominada Escola de Educação Básica Coronel Marcos Rovaris, mantendo viva a lembrança do pioneiro junto às novas gerações.
Paço Municipal Marcos Rovaris
O Paço Municipal de Criciúma recebeu o nome de Marcos Rovaris em homenagem ao primeiro superintendente da cidade, simbolizando o reconhecimento oficial ao pioneiro que marcou a história da cidade. A denominação ocorreu em 20 de agosto de 1981 como parte das comemorações do centenário de colonização da cidade, durante a gestão do prefeito Altair Guidi e Mário Sônego.
Busto na Praça Nereu Ramos
Em 1975, durante as comemorações dos 50 anos de emancipação político-administrativa de Criciúma, foi inaugurado o busto de Marcos Rovaris na Praça Nereu Ramos pelo prefeito, Algemiro Manique Barreto com a presença de autoridades e familiares.
Com o tempo, o monumento foi retirado devido às obras de canalização do Rio Criciúma. Contudo, em agosto de 2014, a escultura foi reinstalada na praça.
Fonte: “Mini Biografia de um Pioneiro: Marcos Rovaris”, de José Pimentel e Mário Belolli. Reprodução autorizada pelo historiador Mário Belolli.
Contribuição Jornalística: Joice Quadros.
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